Imagens exclusivas de câmeras de segurança apresentadas pelo Fantástico, neste domingo, revelaram detalhes da operação criminosa que tornou a Cidade da Polícia Civil palco da negociata para o tráfico de 16 toneladas de maconha. A escolta do crime, montada com os recursos do estado, contou com duas viaturas da Civil com pelo menos cinco agentes.
O caminhão frigorífico com 16 toneladas de maconha saiu do Mato Grosso do Sul, passou por São Paulo e foi interceptado no Rio de Janeiro pelos dois carros da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas. A partir deste momento, o caminhão aparece em vários momentos diferentes acompanhado de uma viatura da Polícia Civil na frente e outra atrás.
Eu chamo a atenção realmente aí, a forma desinibida de que eles atuaram, até passando a impressão de que não pudessem ser responsabilizados ou alcançados pelo estado. O que não foi, eles foram detectados, afirmou Júlio Danilo, coordenador geral de repressão a drogas e facção criminosa da Polícia Federal.
Ao cruzar por um posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF), o caminhão e as duas viaturas foram parados. Ao serem questionados, os policiais civis afirmam que a carga já estava apreendida e que o motorista estava preso. A viagem segue, incluindo uma parada em um posto de combustível, com o caminhão sempre escoltado pelos policiais.
No caminho à Cidade da Polícia, o rosto do policial Alexandre da Costa Amazonas chega a ser registrado pelas câmeras do pedágio na Rodovia Presidente Dutra. O agente foi um dos presos na Operação Drake, da Polícia Federal, na última quinta-feira, junto com Eduardo Macedo de Carvalho; Renan Macedo Villares Guimarães; e Juan Felipe Alves da Silva; e o advogado Leonardo Sylvestre da Cruz Galvão. Silva é ex-chefe do setor de investigações da DRFC e da DRFA.
Questionado pela reportagem sobre o envolvimento da Polícia Civil com o tráfico de drogas, o governador Cláudio Castro (PL) se disse chocado. Castro citou o sucateamento histórico da corporação e afirmou que a cobrança será dura para colocar os maus policiais na cadeia.
Eu me sinto (responsável) e nunca fugi da minha responsabilidade. Quando tem que defender a polícia, eu defendo, e quando tem que ir pra cima de maus policiais eu vou com certeza, aqui a gente não faz acepção de bandido nenhuma. Seja de terno, de tênis ou de farda, bandido é bandido em qualquer lugar e nosso trabalho é combatê-los, disse o governador.
Após escoltarem o veículo até a Cidade da Polícia, os agentes negociaram, por meio de um advogado, a liberação da droga e a soltura do motorista, mediante ao pagamento de propina. Em seguida, três viaturas ostensivas da especializada escoltaram o caminhão até os acessos de Manguinhos, na Zona Norte do Rio. No local, a carga de maconha foi descarregada pelos criminosos e o motorista foi liberado horas depois.
O caminhão retornou já sem escolta, o que fez com que os policiais novamente abordassem aquele VEÍCULO e conversando com o caminhoneiro, conversando com o motorista, identificaram alguns elementos que eram muito inconsistentes. Histórias que não fechavam e isso tudo fez com que realmente as suspeitas aumentassem sobre o caminhão e sobre o motorista, disse Alexandre Castilho ao Fantástico, porta-voz da Polícia Federal.
O caminhoneiro foi levado para a delegacia, onde acabou contando detalhes de como toda a operação ocorreu. Também foram encontrados vestígios da carga de maconha no caminhão frigorífico. Segundo as investigações da Polícia Federal, a carga de maconha acabou nas mãos da principal facção carioca, que pagou R$ 300 mil pelo resgate da droga.
Nova operação encontra cocaína
Dias depois, a Polícia Federal fez uma nova operação no Rio de Janeiro, tendo como alvos quatro policiais civis, incluindo um delegado, acusados de desvio de uma apreensão e da venda de 280 quilos de cocaína.
Os agentes teriam desviado parte da apreensão de cocaína e venderam a droga quando trabalhavam na 25ª DP (Engenho de Dentro). Durante o monitoramento controlado pela PF, uma equipe da 25ª DP abordou, na saída da comunidade da Maré, o caminhão que transportava a droga, em dezembro de 2020.
Conseguimos localizar, interpretar e quando da abertura do contêiner, para nossa surpresa havia em seu interior somente sete bolsas que dentro das quais 203 tabletes de cocaína pura., disse o delegado Renato Mariano. Foi possível detectar que boa parte dos agentes tinham uma movimentação financeira e patrimonial que não condizia. Era suspeito, não condizia com a atividade que eles desenvolviam e a partir daí foi possível comprovar o envolvimento deles no tráfico de drogas.
O motorista foi preso em flagrante. No entanto, os policiais civis apresentaram somente sete das 17 malas, o que correspondia a aproximadamente 220 quilogramas de cocaína. Dez malas que totalizavam 280 quilogramas do entorpecente não foram entregues.
Fonte extra - RJ
Comentários